Uma casa em ruínas

Sobre a urgência de amar, todos os dias.

Era preciso começar pelo amor, só que nenhum dos dois sabia como. Ficou esquecido entre as certezas iludidas de que já se tem o que outrora se quis. Ficou perdido entre as sombras que escurecem a verdade e turvam a visão de quem ignora que amar é um ato presente, sempre presente. Nunca se tem o que se julga ter. Ter o que se julga ter é um movimento perpétuo de conquista, mesmo quando julgamos já ter. Sobretudo quando já julgamos ter.

Sobre a necessidade do amor, a cada dia.

Era fundamental que se fizessem paredes de céu à nossa volta. Era imperativo que sonhar fosse viver, num ímpeto de asa, a pairar sobre a cadência de um beijo. Mas saltaram-se etapas, renunciaram-se os degraus. Chegou o inverno, carregado de cinzento. Veio a indiferença do meio tom para mascarar o dia, vestindo-o de noite gelada. Veio a chuva a engrossar os caudais, veio a fúria das águas a saltar do cimo da montanha. Veio a penumbra depois e nós já lá não estávamos. Caiu-nos o mar e o sol, caiu-nos o chão, caiu-nos tudo… e a casa ruiu.

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