Na tua mão sou livre

É o encaixe perfeito. Duas peças alinhadas na sintonia de uma mesma arritmia. Na tua mão. É na tua mão que me pertenço por inteiro. Inteiramente completo nos nós dos teus dedos que entrelaçam poemas que não sei escrever. É por impulso que pulso um sufoco dilacerante na escuridão da desconexão.

Eu sei que disseste que não nos precisávamos, que isso era carência e nós já somos plenos, apenas queremos o excesso, a extravasar para o infinito. Mas agora quebrei, perdi-me a meio caminho da eternidade e preciso da tua mão. Nela me faço garuda que flutua em busca de abrigo para a tempestade e pouso em ti para viver por entre os laços que me libertam, correntes que me aportam e desapertam os apertos que asfixiam quando o vazio me ocupa a vida desancorada da tua mão.

Na tua mão sou eu, nos teus dedos sou nós. Aperta e liberta este presente impaciente das coisas que sabes. Os rios indomados das margens selvagens dos teus cabelos, as borboletas inquietas dos teus lábios, o verde dos campos nas tuas mãos a florescer. Essas coisas todas a que sabes, essas coisas todas que sorris quando te digo que sabes a amor. Essas coisas todas que sabem a liberdade. Quero-me ancorado a ti. Quero-te aportada a mim. Faz-nos acontecer livremente prisioneiros. Na tua mão.

natuamaosoulivre_obohemio

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