Madrugada dos nossos pecados

É madrugada, meu amor, é hora da carne, se houver alguma hora específica para a carne, a não ser todas as que cabem num dia, todas as que cabem quando as tuas pernas abrem. É madrugada, meu amor, e já sabes que a madrugada nos morde a pele em tesão. É a madrugada dos nossos pecados, minha amante, tempo para a luta dos sexos, num quarto partido em dois, onde o meu desejo combate a tua vontade. Perdem os dois, vencidos pelo orgasmo. Perdem-se em razão da penetração acelerada por duas almas endiabradas, sem que o próprio diabo consiga segurar. Perde-se a razão também, mas que se foda a razão, se o que nos aquece é tesão. E enquanto houver tesão, meu amor, para que raios importa a razão?

Por isso, vem, meu amor, e vem-te em calor, onde nem o diabo ousa andar. Fode-me tudo, minha amada amante da madrugada. Fode-me tudo, para sempre, mas sobretudo agora. Fode-me o corpo, a mente, a vida. Fode-me com tudo. Como se me amasses para sempre, como se o para sempre acabasse amanhã. Não deixes um milímetro meu por foder. Fode-me tudo e com tudo. Mas certifica-te que começas pela alma. Porque melhor do que sexo entre dois corpos despidos, meu amor, só mesmo uma foda entre duas almas nuas. É que a vida, meu amor, é uma pornografia para a qual o amor é o clímax. E o teu corpo, meu amor, é um pecado para o qual o orgasmo é a única absolvição.

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