Crime é não amar

Aqui, nesta cama onde me deito, já desabaram mulheres imensas a transbordar de calor. E os lençóis já foram florestas extensas de noites intensas neste incêndio sem fim. Aqui, neste quarto fúnebre de ti, plantei mil rosas às mil emoções que encontraram a morte na curva de mais umas pernas que a madrugada abriu. A receita foi sempre a mesma: um orgasmo onde pudesse silenciar o teu rosto. Mas o sangue não estanca o teu nome. E a palavra é pobre para a certeza do que se quer, quando se quer somente um céu a abrir.

Desculpa, se todos os corpos que bebo não matam a sede que tenho. E que culpa tenho eu, se todas as bocas que gemem não calam o teu beijo? Quem é o réu, quando o suor que se afunda no peito não afoga o teu sabor? A quem julgar criminoso, meu amor? Se a maior atrocidade da vida é a tua pele ainda vestir a vontade de todas as noites que ficaram por cumprir. A quem condenar, minha eternidade? Se o maior crime do mundo é a prisão de todos os orgasmos que ficaram por sentir. Pois se, de todos os crimes da humanidade, o mais hediondo continua a ser o amor que não se dá. Serei inteiramente culpado de amar demasiado, se algum dia houver tal heresia. Mas a culpa, meu amor, é do amor que não morre e destas veias salientes onde o teu nome ainda corre.

 

crimeenaoamar_obohemio

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